domingo, 24 de outubro de 2010

Tua voz minha.

É que às vezes me falta inspiração...

Eu até arranho as paredes pra ouvir o som que sai da ponta de meus dedos; não tem palavra, não tem vida, os desenhos se perderam. Se você apurar os ouvidos ainda consegue fazer sentido. Mas e eu?






É como fazer, no exato
momento que você queria, alguém olhar bem dentro dos seus olhos. É mais do que querer, é precisar. É temer a falta disso. É sufocar de voz rouca, gritando as palavras que por tantas vezes estiveram dentro de seu corpo. A música não ocupava somente a minha cabeça, ela percorria meu sangue, vazava de meus poros. O seu suor tinha o cheiro caracteristico dos que lutam pela mesma causa. Mesmo depois de tantos anos você me afetava como a primeira vez em que ouvi seu timbre.

E toda vez que as músicas entrarem pelos meus ouvidos, eu vou tremer, vou sentir tudo à minha volta se transformar em uma só nota, entrar na tua frequência, sonhar seus sonhos e amar seus ideais. Eu te esperei por tanto tempo que minha visão perdeu a nitidez. Os acordes da guitarra, se misturavam faceiros aos braços que se sobrepunham falando em gestos, transformando meus olhos em leitores de todo grito engasgado.

Eu abandonei aquele lugar com medo dos meus desejos. Tua voz, teus gritos, teus olhos de certeza não eram mais suficientes. Eu não suportava achar que você podia me fazer feliz e não estava fazendo, eu te odiava por isso; como podia ser assim? Era uma emboscada dos meus instintos, desviando toda a minha atenção da percepção do mundo real. De repente eu comecei a acreditar que ia acontecer simples como dentro de um sonho de bailarina; acordei com um empurrão dado pela vida: ouça aqui, mocinha, não pense que não precisa acordar. Acordei. O que afinal rege essas condições humanas a que somos submetidos? E abandonei... Eu te queria; era a verdade.


E fui embora por não poder te ter.