terça-feira, 7 de setembro de 2010

É toda vez...

Eu não queria que nossa história começasse com "Era uma vez...", eu queria que a nossa história continuasse sempre de onde ela começou ontem, e anteontem, e todos os dias. Eu não queria ter que contá-la sabendo do dia em que ela teve seu fim. Por mais bonito que pudesse parecer, por mais doce que seu beijo fosse ao tocar meus lábios pela última vez numa história de amor eterno, eu ainda prefereria que nosso amor fosse eternamente de verdade, sabe?! Com aquela coisa de ciúmes, de paixão, de dentes, de paz... sossego. Eu queria que a gente pudesse dançar juntos e também conversar sobre a parcialidade de todas as coisas, que pudessemos falar de Marx, de Jung, de Antonioni, que pudessemos assistir juntos Godard ou Chaves. Que um dia eu riria pelo seu modo desajeitado de falar inglês e você riria porque eu tenho medo de escadas abertas. Queria te provocar e todas as vezes ouvir que te deixo louco. E queria te trazer pra mim como tenho feito essas vezes. Queria mesmo ainda ver seus olhos se desviarem dos meus, queria testar sua timidez mais quantas vezes me fosse permitido. E queria que no fim você se rendesse e se libertasse como acontece sempre. E queria que esse sempre fosse uma constante novidade. A eterna novidade em que vivemos. O não saber o que acontecerá amanhã me deixa com o coração inerte. Não saber se devo esperar você bater na minha porta ou se devo bater na sua me faz perder o brio. E nunca saber se estou agindo da maneira certa. Se era só uma grande bobagem, ou se devo mesmo ficar tentando adivinhar o que você pensa. Talvez seja só essa grande verdade: se você quisesse que eu soubesse o que pensas, me diria. E é tudo simples assim. Mas eu não gosto de coisas simples. Eu tenho essa mania de querer coisas impossíveis. Mania de gente intensa. Eu vivo aos extremos e espero demasiado, sou feliz em plenitude, e capaz de amar a passos largos, mas posso sofrer terrivelmente, e sofro.
Um dia desses eu ainda vou te ligar pra falar sobre a vida, te contar da minha, ainda vou aparecer na porta da sua casa, gritar seu nome, riscar seu carro, queimar suas roupas, te olhar nos olhos e eu posso fazer tudo isso por querer-te bem demais, ou posso fazer só pra essa história não terminar no inevitável "Era uma vez..."

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Na minha janela
















É a sua imagem se insinuando pra mim

em reflexos no vidro da janela do meu quarto.

Eu aperto os olhos o mais forte que eu posso,

e então você me aparece por dentro,

te cubro em pensamento

pra ver se flutuas pra longe de meus desejos.

E te encontro despido, dentro do meu coração.

Assim mesmo, como eu nunca vi, mas sempre desejei.

domingo, 5 de setembro de 2010

Insinuante solidão

Eu pensei até mudar esse design aqui. Me pareceu tão desinteresssante. De repente era só minha vida transformada em palavras que não são lidas.
Pensei em deletar também. Contei até dez e respirei fundo. Eu lembrei de todas as vezes que deletei os números da agenda do meu celular e de tantas outras que apaguei os e-mails, e como isso nunca foi suficiente.
Ai eu pensei em sentar e ler um livro e sentei, e eu chorei por 45 minutos e depois pensei por outros 30. Essa vida de aparências tá acabando comigo. Sorrir pra solidão sempre foi meu maior desafio. E eu estou sucumbindo. As minha alma está ferida de tentar sobreviver. E na guerra os cansados sempre ficam pra trás. O meu sofá sabe mais de mim que o meu espelho.
Eu pensei em fazer uma porta-painel onde eu pudesse escrever todos os dias coisas que soassem como música clássica em ouvidos apurados. E quando não quisesse mais ler era só abrir as portas. Mas eu só pensei, tudo que penso não se transforma no que faço. E o que faço se transforma imediatamente em coisas que não deveriam ter sido feitas.
E eu fico aqui pensando em uma maneira de sair de toda essa mesmice, de todo esse circulo vicioso e entediante. E pensar tem arruinado os meus dias.
Então pensei em desistir, não como ato de covardia, mas como ato de coragem. Dar um passo pra trás e começar de novo. Começar de onde?

Eu só preciso descobrir onde minha vida se perdeu.

sábado, 4 de setembro de 2010

In felicidade.

Sobrevivo.

Vivo sobre meus medos e decepções.

E sobreponho minhas neuroses.

Ponho sobre mim todas as armaduras.

E sigo. Assim. Sobreposto, sobrevivente.