sexta-feira, 9 de abril de 2010

Páginas de um caderno de sonhos.

E no fim das contas o que importa realmente?

Não, ela não tem um bom emprego, não agora; ela não tem tempo pra perder.

O amor escapuliu por entre seus dedos e voou juntos com a areia em uma praia, um lugar onde ela nunca mais alcançará. Suas mãos cansaram de segurar restos de um todo. De uma verdade de mentira.

Em sua cabeça além de longos cabelos negros encontram-se idéias. O que de mais valioso alguém pode carregar se não suas idéias?
Em sua pele morena a marca do intemperismo que a vida causou à sua força de pedra. O tempo desgastou seus contornos e limou seus cantos.

Sua busca incessante nunca se finda, nem mesmo quando seu grito emudece atados pelas cordas da decepção. Seus braços um dia fortes de carregar a vida, agora se tornam pêndulos que trazem traços de uma maturidade doída, aprendida dia após dia, vida-a-vida.
Em seus olhos escuros da noite vemos o dia amanhecendo tímido ansiando raios por onde brilham sua alma.

E ela espera, sentada na sala, no chão do quarto, no meio da bagunça que saira de dentro de seu corpo e ocupara toda a sua casa. Tudo está à sua volta.

O seu lugar? Quem sabe onde será...

A sua luta seca se estilhaça, se prende e se agiganta para do alto achar pés que pisam a areia onde um dia o amor se perdeu, a luta se estica e pinta um céu azul cheio de colorido e faz encher de esperança um coração onde tudo se quebrara. E traz, um dia, pés para caminhar ao lado dos seus, pisando a areia onde um dia o amor há de se encontrar.

___________

Para mim um lindo presente, e pra ela uma eternidade de palavras.
Vai, minha amiga, ser feliz pra sempre!

Amo você.

domingo, 4 de abril de 2010

Sobre as escolhas.

E o que você faz quando as melhores escolhas lhe parecem as grandes bobagens?

Alice fechou o livro não suportando saber a resposta da última frase que lera. Recostou a cabeça na madeira branca da cama, e deixou seus olhos percorrerem sua janela, mesmo sabendo que não viria as estrelas.
Ela queria tudo menos pensar que todas suas boas escolhas estavam perdendo o sentido. Talvez um outro caminho. Outras escolhas, em uma outra cidade, precisava falar mas não sabia se alguém poderia ouvir.

As mãos e olhos perfeitos que a tocavam não faziam mais soar a música febril em sua alma, mas era tão pouco tempo, como poderia ter se deixado levar? Ele tinha a perfeição métrica de quem sabe existir, e ela não conseguia conviver com a idéia de co-existir em sua perfeição, essa foi a desculpa que inventou para si, mas ela sempre soube que amar fora seu maior anseio, e que de tanto amar errado se descobriu seca, dentro e fora. Tudo que lhe sobrara não era suficiente para tudo que recebia.

Ela nascera para a solidão. Soubera disse porque sobrava no canto da sala, porque sempre seu telefone emudecia, e suas mãos buscavam toques e encontravam o vazio.
Ela nascera pra sentar na janela e admirar as estrelas. Para encontrar filmes que preenchessem seu vazio, para ler livros, e nas entrelinhas desenhar seu rosto.

Agora ela desenhava no vidro empoeirado de sua janela, uma, duas, três estrelas, a quem pudesse pedir que respondessem a sua pergunta. Ela nem queria mais que isso, sua pretensão se resumia àquela que você tem quando lê o horoscopo do dia no jornal... sem esperar que ele lhe diga o caminho a seguir, porque você já não sabe se deve acreditar nessas bobagens, e no fundo desejando que ele discretamente lhe aponte uma direção. Nem que seja uma direção para seguir, e só.