domingo, 4 de abril de 2010

Sobre as escolhas.

E o que você faz quando as melhores escolhas lhe parecem as grandes bobagens?

Alice fechou o livro não suportando saber a resposta da última frase que lera. Recostou a cabeça na madeira branca da cama, e deixou seus olhos percorrerem sua janela, mesmo sabendo que não viria as estrelas.
Ela queria tudo menos pensar que todas suas boas escolhas estavam perdendo o sentido. Talvez um outro caminho. Outras escolhas, em uma outra cidade, precisava falar mas não sabia se alguém poderia ouvir.

As mãos e olhos perfeitos que a tocavam não faziam mais soar a música febril em sua alma, mas era tão pouco tempo, como poderia ter se deixado levar? Ele tinha a perfeição métrica de quem sabe existir, e ela não conseguia conviver com a idéia de co-existir em sua perfeição, essa foi a desculpa que inventou para si, mas ela sempre soube que amar fora seu maior anseio, e que de tanto amar errado se descobriu seca, dentro e fora. Tudo que lhe sobrara não era suficiente para tudo que recebia.

Ela nascera para a solidão. Soubera disse porque sobrava no canto da sala, porque sempre seu telefone emudecia, e suas mãos buscavam toques e encontravam o vazio.
Ela nascera pra sentar na janela e admirar as estrelas. Para encontrar filmes que preenchessem seu vazio, para ler livros, e nas entrelinhas desenhar seu rosto.

Agora ela desenhava no vidro empoeirado de sua janela, uma, duas, três estrelas, a quem pudesse pedir que respondessem a sua pergunta. Ela nem queria mais que isso, sua pretensão se resumia àquela que você tem quando lê o horoscopo do dia no jornal... sem esperar que ele lhe diga o caminho a seguir, porque você já não sabe se deve acreditar nessas bobagens, e no fundo desejando que ele discretamente lhe aponte uma direção. Nem que seja uma direção para seguir, e só.

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