quarta-feira, 21 de julho de 2010

Escarlate

Toda busca finda em si mesmo.

É um cheiro quente, acre, venenoso. Sua afinidade permite que percorra meu sangue em cada gota, e esse ar obriga que eu o sinta em toda nessecidade de respirar.
É um ad infinitum, sempre quase, um ainda não que me persegue. Esse gosto, deveria ser proibido. Gosto de vida, ditoso, febril.

Ele te pega pelos cabelos e te assanha ao meio-dia, em meia hora, o dia inteiro, toda noite, em seus sonhos, no pé da sua cama. Em forma de gente, animal, de homem.
Dentro de você, em seus poros, seus gemidos. Bocas entreabertas, sussuros; morde meus lábios, entrelaça meus dedos, pisca meus olhos, ganha minhas curvas, ama-me, assim, aos poucos, aos pedaços.

Criminoso de quem recusa seus eixos, seu calor, seu encaixe dissimulado. Condenado está a passar a vida morna, pálida. As noites em mansão fria, em um grande castelo de folhas rabiscadas, de quases, de luzes acesas; te levanta da cama, que é onde ele não te aquece.

Levanta-te, que esse reino em prece pertence aos que se atrevem, aos que vão ao fundo dos medos, e arriscam-se acima de todos os nãos. Aos que entregam o corpo, a alma, o coração, aos que doam todas as palavras rendidas, suas vergonhas, o arrepio na nuca, o agora e o nunca. Aos que doam seus tremores, seu suor, seu abraço em corpo nu, seu côncavo, suas buscas, sua vida escondida. Aos que não tem medo desse ímpeto que queima a pele, essa manifestação de vida que preenche o ar.

Aos que não tem medo do amor; esse desejo escarlate.

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