Ele se desenha nas pontas dos meus dedos. Aquele rascunho sem forma, que vaza de todos os espaços, que está em todas as coisas...
Ela se sentou no meio fio, e quis falar com as estrelas; quem sabe elas a entenderiam; ela adiou todos os projetos e moveu o mundo, m-e-t-o-d-i-c-a-m-e-n-t-e, até que descobriu o inevitável: ela não sabia sobre o amor.
Ela sabia sim que era essa coisa que a gente fala depois do “beijo” na ligação telefônica, mas então era só isso? E porque os poetas, os românticos, os delírios, os deuses se postaram diante do muro, sem recuo; diante dele e se deixaram adentrar seu mundo?
A teimosia a faz acreditar que depois das seis alguém vai chegar, abrir a porta, pés, passos; braços, abraços; beijos, dentes, bocas; vida:Minha, sua, nossa.
A faz acreditar que alguém vai deitar e os pés não terão meias, mas não fará frio; o corpo não terá roupa, uma pele vestindo a outra; uma voz rouca cantando ela, e no teu ouvido a vida pulsando como pulsam os dias de primavera.
Essa teimosia de meio-fio, de meia-noite, de uma vida inteira, a faz acreditar que ela deve ligar, e ao telefone depois do “beijo”, nada mais ficará mudo.
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