segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Sobre o amor

Ele se desenha nas pontas dos meus dedos. Aquele rascunho sem forma, que vaza de todos os espaços, que está em todas as coisas...

Ela se sentou no meio fio, e quis falar com as estrelas; quem sabe elas a entenderiam; ela adiou todos os projetos e moveu o mundo, m-e-t-o-d-i-c-a-m-e-n-t-e, até que descobriu o inevitável: ela não sabia sobre o amor.

Ela sabia sim que era essa coisa que a gente fala depois do “beijo” na ligação telefônica, mas então era só isso? E porque os poetas, os românticos, os delírios, os deuses se postaram diante do muro, sem recuo; diante dele e se deixaram adentrar seu mundo?

A teimosia a faz acreditar que depois das seis alguém vai chegar, abrir a porta, pés, passos; braços, abraços; beijos, dentes, bocas; vida:Minha, sua, nossa.

A faz acreditar que alguém vai deitar e os pés não terão meias, mas não fará frio; o corpo não terá roupa, uma pele vestindo a outra; uma voz rouca cantando ela, e no teu ouvido a vida pulsando como pulsam os dias de primavera.

Essa teimosia de meio-fio, de meia-noite, de uma vida inteira, a faz acreditar que ela deve ligar, e ao telefone depois do “beijo”, nada mais ficará mudo.

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