domingo, 4 de outubro de 2009

Adrienne só sabe calar.

E dos dias ela carrega essa lágrimas contidas dentro dos olhos.

Sempre que Adrienne acha que as coisas vão melhorar ela sente que os pés vão perdendo o chão, e suas convicções a deixam. Então ao se ver totalmente só. Sem vida, sem risos, amores... sem chão, ela acha que o problema está nos outros. É claro que todos precisam colocar a culpa na mobília da sala. Se ela ao menos fosse convidativa.

Adrienne coloca a culpa nos outros pra não ter de encarar de frente e descobrir que se tornou tudo que odeia ver no espelho. Seus traços, um dia doces, hoje trazem as marcas duras e tristes de quem tentou fazer do mundo um lugar que nunca será o seu. Seus cabelos pagam por um capricho adolescente, que a deixou feliz visualmente. Era colorido. Ela não sabia que não era feliz.

Ela sabe que agora os seus braços cansaram de articular, e suas mãos, de garras, tornaram-se pêndulos. Carregam um peso sem vida. Seus medos aumentaram. Seu sono é incontínuo. E suas dores estão quebrando as barreiras e invadindo a casa dos vizinhos.

E agora, sem proteção, ela se vê sendo observada e imagina se todos podem ver que em seu corpo, além de dor, há uma necessidade urgente... e em seus olhos, além de lágrimas, há uma menina muda que espera pacientemente ser compreendida pelos olhos de alguém.

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