Ela escolheu o branco. Hoje ela está suave, como a existência. Pegou alguns pedaços de tecido que estavam escondidos no seu baú de recordações e resolveu tecer um manto onde as palavras ficassem visíveis... para que ninguém, nunca mais, perdesse suas profundas entrelinhas.
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Ganapatya
Esperando que todas essas arestas dos lugares por onde passo, todas essas pontas, essas quinas onde bato meus pés nas noites escuras não me impeçam de continuar acreditando que um dia acordarei no lugar onde o mundo será feito de contornos macios e suaves, feito a curva que observo agora, bem onde termina o seu pescoço e começa o ombro, esse ombro que sequer é meu, mas é onde encaixo perfeitamente meu rosto cansado de tentativas frustradas. É claro que por trás dessa maciez de te imaginar meu ainda existem os ossos que sustentam o seu corpo abaixo de mim. E que a rigidez por baixo dessa pele pode ser tão dura quanto a vida, quanto acordar todos os dias rezando para que a mentira alheia não atrapalhe a minha verdade, desejando que as horas passem para voltar a ter segurança do corredor que se alonga até meu quarto, e que mesmo ferido de quinas e arestas meus pés encontrem o conforto necessário para sonhar o amanhã, não mais na curva do seu ombro, mas no encontro sincrônico do desenho emoldurado no seu peito: o seu coração.
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